Outro dia, resolvi passear pelos escritos do Portal e me deparei com um texto de Edson Rufo, datado de outubro de 2007, no qual o autor afirma, de maneira muito singular, o grito que insistimos em sufocar dentro de nós. Queremos um amor de verdade. Simples assim.
Ao longo da vida, aprendi muitas coisas, mas a ser romântica de carteirinha não foi uma delas, confesso com certo pesar. Isso não quer dizer, porém, que não aprendi a amar incondicionalmente. Aprendi direitinho. Amo minha família, meus amigos e até um ou outro candidato a homem da minha vida que cruza meu caminho e me faz flutuar.
Mas fiquei pensando no texto que mencionei anteriormente. Que amor é esse que a gente busca? Como é que uma única pessoa vai conseguir preencher todos os nossos espaços vazios e completar nossa existência a ponto de nos tornarmos pessoas felizes e realizadas emocionalmente? Se somos tão cheios de carências e necessidades, o que dizer do “outro”? Por que jogar no parceiro a responsabilidade pela nossa própria felicidade? Não faz sentido para mim, desculpe.
Quer dizer, então, que se eu nunca me apaixonar estou condenada a ser uma mulher infeliz? E o que dizer dos pais, dos irmãos, dos amigos que encontrei nesta estrada tão cheia de surpresas que é a vida? O amor deles não serve? Serve, bem sabemos. É este tipo de amor que nos faz ser quem somos. Para o outro, aquele que vem acompanhado da paixão, reservamos nosso lado mais romântico, sensual, carente e, não raro, inseguro e ciumento.
Cazuza, com maestria, cantou o amor. “Eu quero a sorte de um amor tranqüilo, com sabor de fruta mordida”, entoava ele com paixão, emoção. Amor, por si só, já deveria ser tranqüilo. A paixão não. Esta força motriz da perpetuação da espécie é que nos faz ter a boca seca e o coração acelerado, no desejo de unir corpos e, de vez em quando, almas. Paixão é química, as pernas tremendo, é a vontade do outro num crescendo, crescendo... até que passa. E lá vamos nós de novo procurar o “amor tranqüilo, com sabor de fruta mordida”.
Nesta eterna busca, criamos um ideal de “amor, eterno amor”, esquecendo que a própria vida, o maior dom que temos, é efêmera. Se assim o é, por que o amor tem que ser eterno? Concordo com Vinícius e sua idéia de “que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.
Não entendo o amor como dependência. Complemento, simetria, parceria, leveza, cumplicidade, sorrisos sim. Cobrança, ciúmes, palavras pesadas, discussão, gritos e ceninhas definitivamente não. Quando nos envolvemos, porém, toda a racionalidade fica para escanteio, e por medo de perder o objeto de nosso sentimento mais profundo, trocamos o prazer do amor e da paixão pela angústia e o medo de ficarmos, mais uma vez, sozinhos entre tantos bilhões de pessoas no planeta.
Mais fácil seria, talvez, interiorizar o pensamento de Roberto Freire em sua “Declaração do Amante Anarquista”, a qual recentemente postei, e perceber o amor como momento digno de ser vivido, intensa e integralmente: “Porque eu te amo, tu não precisas de mim. Porque tu me amas, eu não preciso de ti. No amor, jamais nos deixamos completar. Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários. O amor é tanto, não quanto. Amar é enquanto, portanto. Ponto.”
Será que o amor é paixão e paixão é amor? Só quem sente, sabe. E eu continuo aguardando, neste menu que a vida me reservou, o momento de experimentar, de novo, o tal “sabor de fruta mordida”.
Um comentário:
Olá minha doce Amiga e leitora.
Fico muito grato aos seus comentários.
Voce bem sabe que todos escritores tem uma maneira de se expressar, agradando, encantando,discutindo e analisando.
Digo que nem sempre agradamos todos nem mesmo cazuza agradou, apesar de deixar em suas musica uma vivencia e singular mensagem de sabedoria.
Muitas vezes depende do nosso estado de espirito é como podemos ver ao nosso redor.
Seus comentarios me agradam pelo "seu" ponto de vista.
O texto muitas vezes não exprime o autor mas as necessidades de alguns.
O amor é na verdade uma energia corrente pelos quatro cantos aonde somos atingidos diariamente.
Mesmo que em algumas delas nem percebemos, pois estamos trancados em nossos mundos deixando assim a vida passar.
O estado de espirito de cada um no momento e sempre muito importante.
Ouvimos musicas que alguns momentos nos fazem chorar e em outros darmos risadas de lembrar.
Espero poder sempre estar completando algo em alguém.
Deixo aqui meu carinho e minha estima por voce e espero que continue lendo e apreciando meus escritos.
Um carinho de sabedoria e paz.
Edson Rufo
Escritor - Terapquta
terapeuta@terra.com.br
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