domingo, 6 de janeiro de 2008

A pergunta que não quer calar...

Qual a pergunta mais difícil de ser respondida? Será que é sobre o tempo? Vida? Morte? Amores e paixões? Será que o dólar vai voltar a subir? Daqui a 20 anos, onde estarei? Serei feliz? Conseguirei comprar o apartamento dos meus sonhos? Pois, pasme, todas essas perguntas podem ser respondidas muito facilmente se você tiver um projeto de vida, se estiver em condições físicas e intelectuais de trabalhar e conseguir renda e, claro, se estiver disposta a se abrir para o novo, o inusitado.

Se estas perguntas são fáceis, qual é a complicada, aquela para a qual não temos uma resposta imediata e certeira? Não sei para você, mas para mim a pior das piores é “Quem é você?”. Sempre que faço este questionamento a alguém de minhas relações, observo um olhar perdido, aquele que nos trai e evidencia a busca por uma frase, uma assertiva que não deixe dúvidas nos outros e, mais ainda, em nós mesmas.

Um dia, um domingo cinzento desses em que as nuvens insistem em esconder o sol, alguém me fez esta pergunta. Num primeiro momento, também me senti perdida. A vontade era dizer que estudei isso, que sou filha-mãe-namorada de fulano, que ocupo esta ou aquela posição no trabalho, que nasci ali onde o vento faz a curva, no pequenino estado do Acre. Desisti, claro, porque nenhuma dessas respostas iria satisfazer meu interlocutor. E foi então que, naquele instante, resolvi olhar para dentro de mim, lembrando de tudo o que falo durante as palestras sobre Inteligência Emocional. Se o autoconhecimento é um requisito para obter a resposta certa – e sempre o é – era chegada a hora de calar e bater aquele papinho com o tal espelho.

Descobri que sou duo. Aliás, confesso que às vezes sou três, sou quatro, cinco, seis, um sem-número de personalidades. Sou uma por dia, por semana, por mês. Uma por cada pessoa que conheço. Me diversifico. Sou várias em um só corpo, em uma só mente e em um só coração.
Humana que sou, tem horas que grito. E admito: vivo num conflito. Outras horas, só sei falar de amor, sou romântica, adoro lua cheia e cafuné. Aí, quando menos me percebo, me transformo em mulher cheia de medo, um monte de reservas e diversos passos pra trás. Fico séria e sem defesa. A menina que um dia fui, com medo do bicho-papão.

No minuto seguinte, me transformo e viro logo a “tal”. Nestes momentos, sou dona do mundo. Segura e destemida, altiva e atrevida. Como digo, loira, baixinha e abusada. Falo o que ninguém tem coragem de falar. Explico detalhes que é bom nem lembrar. E geralmente me arrependo do que deveria ter calado.

Sou assim. Várias de mim. No rosto, sorriso grandão e nenhum traço de sofrimento. Nos olhos, meu desejo de viver. Na vida real, creia, sou bem mais complexa. Sou dez, sou cem, sou mil. Mas quem tentou, descobriu que viver ao meu lado não é assim tão complicado.

Sou paixão, sou razão, sou emoção, sou movida pelo coração. Mas ainda resta a pergunta que não quer calar... QUEM É VOCÊ?