Voltei pra casa. Literalmente, pra casa de onde eu tinha saído há algumas semanas, procurando um pouco de paz interior.Voltei não porque tivesse esta pretensão, mas porque aqui estarei mais perto de minha família e neste momento preciso de todo cuidado e atenção possíveis.
Semana passada eu morri. Várias vezes. Sofri um infarto e tive 5 paradas cardíacas. Ninguém sabe ao certo como sobrevivi e há alguns médicos analisando meu caso. Do meu ponto de vista, não fui porque não era a hora e a dívida que tenho por aqui é grande, grande.
Confesso que ainda não caiu minha ficha sobre tudo o que houve. Ainda tenho em mim a sensação de que estão todos exagerando, mas o corpo alerta que foi verdade e o cansaço sentido no simples fato de tentar sentar sozinha me faz crer que preciso de um tempo pra recuperar esta embalagem aqui.
De tudo o que vivi - e foram muitas coisas - resta a lembrança forte de ver a mim mesma ali, deitada, inerte enquanto minha família sofria na sala de espera do Prontocord. Lembro, também, de ter visto meu avô e meu tio querido. Mas eu queria voltar pra casa, pra minha família, pra minha mãe, pro meu filho... Queria voltar pra vida que eu não vivi direito, que deixei escapar por entre os dedos porque não priorizei o que tinha que ser priorizado. Não priorizei a mim, não cumpri o compromisso que assumi quando nasci que foi o de ser feliz. Quem sabe agora eu aprendo? Vou ali descansar um pouco...
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