quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Justiças e injustiças

Por um desses acasos da vida, há um ano me vi dentro de um presídio pela primeira vez. Não como presa, mas como diretora de projetos da Secretaria de Justiça.

Não aprendi a fazer coisas sem me envolver. Intensa e profunda sei que sou, sempre fui e sempre serei. Então, como poderia escrever sobre algo que não conhecia? E foi assim que, sem planejar, me vi dentro de uma ala com centenas de homens, condenados e que tinham cometido crimes (às vezes pesadões), sem medo.

Um ano depois, conheço os internos pelo nome. Não todos, obviamente, mas parte deles. Sei de seus problemas, de suas dificuldades e tenho procurado contribuir para que, ao sair do cárcere, possam pelo menos ter o direito de recomeçar sem ser no crime. Muitos sucumbirão, é vero, mas se um deles sair deste mundo já estará valendo. Como eu costumo dizer: "100% de dedicação onde houver 1% de chance de recuperação".

Na contrapartida da história, a vida tem sido boa aqui fora. Meu filho tem conseguido reagir e não tem usado droga. Está trabalhando, tem sido companheiro e isso basta para me fazer feliz.

Porém, devo confessar que ontem fiquei emocionada. Cheguei ao semi-aberto e pensei, de relance, que havia algum problema. Estava tudo muito agitado, mas veja você: eles, os internos, estavam reunidos em grupos, trabalhando, capinando, limpando os espaços, se envolvendo e, mais ainda, se ocupando. Tá, eu dei uma choradinha. Felicidade faz isso com a gente, né?

Daqui a pouco estarei lá novamente. Nestas próximas semanas, estarei longe da vista maravilhosa do Rio Negro que tenho de minha sala e do ambiente climatizado para estar naquele solzão com eles. Como eu gostaria que fosse sempre...

A você, bom dia e que o ano de 2010 seja leve e feliz!

2 comentários:

Unknown disse...

Deus abençoe seu trabalho e dedicação, te dando sempre força, discernimento, e sensibilidade nessa operação Resgate.

Anônimo disse...

eu adorei seus pensamentos