domingo, 19 de junho de 2011

A cigarra

Da janela do meu quarto ouço uma cigarra. Insistente e indiferente, ela segue fazendo sons que alguns chamam de "canto". Hoje, especificamente, para mim é um barulhinho chato, chato.

Domingo deveria ser um dia de tranquilidade, de soneca depois do almoço, de fazer nada e ainda descansar bastante. O meu não foi assim. De fato, foi dia de reflexão, de pensar um pouco mais profundamente sobre a vida.

Parece clichê, mas não é. Há poucos mais de 10 meses sofri um infarto. Minha vida deveria ter mudado completamente depois daquela experiência, no entanto não mudou. Aliás, eu não mudei. Não permiti que minha vida mudasse. Continuo no mesmo trabalho, até num ritmo mais intenso, morando na mesma casa, dormindo com o mesmo peixe de pelúcia, passando pelos mesmos problemas com meu filho, vendo a vida passar e boa parte do tempo não me achando merecedora desta chance que tive de recomeçar.

Este post, na verdade, é um pedido de desculpas a mim mesma. Desculpas pela displicência com que tenho me tratado, pelo pouco tempo que tenho dedicado a me fazer feliz, a buscar realizar coisas que gosto e, principalmente, por continuar assumindo e tentando resolver problemas alheios que NÃO me dizem respeito.

Eu deveria ser mais parecida com a cigarra e seguir cantando, porque faz parte de nossa natureza. Enquanto estou aqui presa a meus pensamentos, ela continua com o tal barulhinho chato, mas segue fazendo sua própria história. Ela é dona de sua vida. E olha que nem deve ser uma vida tão interessante assim.

Mas, voltando ao meu pedido de desculpas, hoje é dia de olhar no espelho, olhos nos olhos e perguntar, do fundo da alma: você me perdoa?

Um comentário:

Emily disse...

Devemos sim pedi perdão a nos mesmas e perdoar, nos amar, acreditar em si mesma, deixar aquelas pessoas que não influi e nem contribui para o nosso bem.
Rir muito, cantar, seduzir, chorar o que ta engasgado, falar bobagens e ser feliz consigo mesma porque a vida é uma só. E se agente não CURTI essas emoções e COMPARTILHAR o que temos de melhor do que adiantaria viver...