Quando eu era menina, li um livro, um romance espírita, no qual havia uma palavra que norteou minhas ações por muitos anos: postular. No livro, era sobre a proposta que nos fazemos antes de reencarnar e os compromissos que assumimos antes de chegar a este plano. Na vida, é a disposição mental que elaboramos ao iniciar novas tarefas, como um projeto, por exemplo.
Por alguma razão eu havia esquecido completamente esta palavra. Não a aplicação, mas a palavra mesmo. Sabia que começava com "p", mas só. De repente, lembrei, numa clara evidência de que, mais uma vez, meu botãozinho de "off" funciona muito bem, obrigada.
Ao mesmo tempo em que me dei conta que estava bloqueando uma simples palavra, percebi que também o fazia com coisas que me aconteceram e com pessoas que conheci. Desisti de desistir de mim. Depois de levar um puxão de orelha de minha médica, comprei um violão, assumi que sou tia coruja em mais alto grau, que quero cuidar da minha mãe até sua passagem, que vou procurar meu pai para agradecer por tudo o que tem feito, em silêncio, por mim e pelo meu filho.
Ao filho, a gratidão por ter nascido, por ter sido aquele espermatozóide guerreiro que venceu todas as barreiras da Biologia e que, por seu empenho e sua vontade de viver, fez deste mundo um lugar melhor e tornou minha vida especial desde o instante em que me descobri grávida. Ainda, por trazer para nossa história a Larissa, a filha que eu não tive, mas a quem amo como se de mim tivesse saído, a quem sinto necessidade de acompanhar, orientar e cuidar.
Aos meus irmãos, pelos sobrinhos lindos que enchem minha vida de alegria. Cada um do seu jeito, com as distâncias e as proximidades que a vida permite. Mas todos importantes, todos amados, todos em aprendizado... como deve ser.
E se é para postular, então que seja. Os problemas não sumirão, mas aprendi a separar aqueles dos quais faço parte do obstáculo e aqueles para os quais sou parte da solução. Que venham... estou pronta.
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