Você tem coragem de repetir esta afirmação ao acordar?
Se pensássemos no significado de cada uma dessas palavras, com certeza, teríamos oportunidade de entrar profundamente em nosso ser, em nosso “eu” mais íntimo, naquela conversa face a face com o espelho da qual fugimos durante toda a nossa vida. Afinal, nos acostumamos a pensar na morte como fim desta existência e não me refiro aqui à continuidade da vida pós-morte; falo da morte diária, cotidiana, presente no dia a dia de cada ser vivente.
Diariamente, a cada minuto que passa, nos aproximamos mais da morte biológica. Isso é fato. Mas será que pensamos ou nos preocupamos, um dia que seja, em aprender a morrer?
A vida é um treino para a morte. O conceito tão difundido pelas tradições xamânicas de morte e renascimento trata das pequenas mortes diárias que nos ensinam e nos preparam para a grande morte. Como viveremos após a grande morte dependerá de nossas pequenas mortes. A reação de cada um de nós diante da grande morte terá sintonia direta com o conhecimento que tivemos em vida de quem somos, o que viemos fazer, qual a nossa missão de alma.
Você já parou para pensar sobre estas questões? “Como posso mergulhar no meu mais profundo ‘eu’ se não morrer um pouco?”; “Que vida terei vivido se em nenhum momento me perguntei: estou disposto a admitir outras possibilidades além das que tenho?”; “Estou aberto a novos conceitos?”; “Aceito o que está ‘pronto’ inquestionavelmente?”; “Acredito no que dizem ser a verdade?”.
Para evoluirmos intelectualmente, emocionalmente, espiritualmente, precisamos morrer para o velho, para o que não nos agrada, para o que nos faz reféns de paradigmas incompatíveis com nossos anseios internos. Como nos desprenderemos para o grande vôo da morte se ainda tivermos em nossos ombros a carga dos apegos, dos projetos não concluídos, dos amores não vividos, das viagens não realizadas... Como iniciaremos uma nova etapa da nossa existência se não buscarmos dentro de nós a mais pura essência, se não vivermos a realidade compatível com a nossa programação de alma? Se passarmos a vida presos a convenções, se não tivermos coragem de romper com valores aceitos unanimemente?
Esse não é um trabalho fácil; é um processo de auto-enfrentamento onde precisamos vencer o medo de não sermos aceitos, de ficarmos sozinhos; é preciso morrer diariamente, matar dentro de nós tudo aquilo que nos desagrada e que nos escraviza a crenças e convenções. Precisamos renascer para a realidade que está impressa em nós e que é única para cada um e ter coragem para aceitar a responsabilidade de tomarmos em nossas mãos o controle das nossas vidas.
Antes de dormir faça um inventário do seu dia. Transforme isso em hábito e todas as noites faça um balanço do seu dia. O ciclo do renascimento deve ser diário, a cada dia morrer para o antigo e renascer para novos conhecimentos e novas experiências. Portanto, morra um pouco hoje e viva para sempre.
NOTA: Este é um trecho do livro "Do princípio ao fim: um novo olhar sob a vida e a morte", a ser lançado em setembro.
2 comentários:
Adorei e sei que o livro vai ser um sucesso.
Parabéns
Obrigada, David. Temos, eu e o Dr. Euler, uma expectativa muito grande em relação a este livro, principalmente porque ele versa sobre um assunto que nós, humanos, tememos tanto, embora façamos de conta que isso não acontecerá conosco. Beijo carinhoso!
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