sexta-feira, 11 de maio de 2007

Stonewall

Eu, que não me acho nostálgica, de repente me pego ouvindo "The Stonewall Celebration Concert", primeiro solo em inglês do Renato Russo. Nossa, voltei ao passado. Estou voltando ainda, a cada nova música.

Quando ganhei esse cd, tinha um "amor" desses que a gente só encontra uma vez na vida e que fazem um sorriso brotar nos lábios em sua homenagem. Hoje, ele mora em Brasília e nos encontramos, num desses acasos do universo, no aeroporto de Chicago, há alguns anos, quando eu estava voltando para o Brasil em definitivo. "So tired of broken hearts", pensei, porque foi através do Paulo que conheci esse cd e me dei conta que aquele sentimento no início da vida adulta me ensinou, através de Renato Russo, que as pessoas só fazem conosco o que deixamos. Eu me deixei amar na época. Ele também. E nossa missão foi cumprida. "Cherish is the word I use to remind me of your love". Deve ser por isso que não rolou flashback.

Na época de lançamento deste cd, 1994, eu tinha acabado de ganhar uma casa de presente de meu pai. Por motivos vários, fui morar sozinha. Quer dizer, o Eric ficava meio lá comigo, meio com minha mãe. Eu ouvia esse cd todos os dias. Bastava entrar em casa, lá chegava o Renato pra me fazer companhia. "Something has taken you so far from me", cantava ele. Mas a verdade é que naquela casa eu vivi algumas experiências únicas, lindas, profundas que fizeram de mim muito do que sou hoje.

Meu filho já falava inglês e fazia dueto comigo em "Paper of pins". Que lindo era! Ele tinha 6 anos, aquela vozinha linda fazendo o refrão. Disso, sim, eu sinto saudades. Será que vou conseguir isso com meus netos?

"So take my lies, take my time, 'cause all the others they wanna take my life". Eu mentia para mim mesma. Nunca fui boa de mentir pros outros, mas pra mim eu mentia. "I know there must be a place to go", cantava ele de novo e eu ficava imaginando que lugar seria aquele. Um dia, me desfiz da casa, do carro, de tudo o que era material e fui embora. Seis anos. 58 países. Muita gente. Muita coisa boa e muita coisa ruim. Mas vivi. "Love is a shining star". Ele dizia que o amor era uma estrela, eu acreditava.

E esse cd me acompanhou em tantas viagens. E hoje, novamente, ouço "If tomorrow never comes", a música que me trouxe de volta. Uma noite, eu a ouvi e lembrei de minha vizinha, a Dona Maria, que sempre fazia farofa de carne seca quando eu vinha ao Brasil. Minha mãe. Meu filhão... e pensei que se o amanhã não chegasse, eu teria perdido uma ótima oportunidade de amar todos eles. Porque o amanhã poderia realmente não vir. Mas veio. E eu estou aqui, mostrando, de forma nem sempre certa, - mas sempre tentando - o quando os amo e o quanto sou feliz por tê-los em minha vida.

E me pego amando cada segundo que já vivi, sabendo que o amanhã veio e continuará vindo. Como deve ser. E o final de semana está apenas começando.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pelo dia das mães!!!

Alessandra